Após os acontecimentos daquela noite, Robert passara o dia seguinte a colocar na sua cabeça vários cenários de explicação para o seu novo mistério. Robert adorava mistérios. Desde encontros secretos na casa abandonada, passando por histórias envolvendo drogas, assaltos e vários outros crimes, tudo lhe atravessara a mente. Tudo menos envolver-se no assunto, pois Robert gostava de observar tudo de longe, nunca se envolvendo nas coisas. Isso era para os outros.
Outro dia passou e o assunto não lhe saía da cabeça. Muitas vezes se chegava à janela quando estava em casa e ouvia qualquer barulho, mas nada. Nada de acção na casa abandonada.
Foi no terceiro dia que tudo aconteceu. Ao sair de casa ao fim da tarde para ir aos correios buscar uma encomenda, olhou fixamente para a porta da velha casa. Seria tão fácil... seria tão fácil entrar e explorá-la... à noite... quando ninguém o visse...
Seguiu o seu caminho para os correios sempre com a ideia, tlim, tlim, tlim, a retinir na sua cabeça.
Passou o dia e chegou a noite e Robert estava em pé a olhar pela janela para a porta da velha casa lá em baixo. Num impulso pegou na lanterna e saiu de casa.
Chegado à rua olhou em volta várias vezes, certificando-se de que não havia ninguém nas redondezas. Avançou silenciosamente, atravessando a rua e encostando-se imediatamente à parede da casa, como via fazerem nos filmes. Deslizou encostado à parede, de lanterna em punho, até chegar ao pé da porta. Aí ainda lhe passou pela cabeça abrir a porta ao pontapé, qual agente do FBI, mas conteve o pensamento e mudou-o para um registo mais discreto. Deu umas pancadas na porta, olhando receosamente em volta, até que esta cedeu e se abriu. Imediatamente se esgueirou lá para dentro, fechando a porta atrás de si.
A casa cheirava a pó e a mofo e estava bastante escuro lá dentro, pois as janelas estavam fechadas com tábuas, não deixando passar nenhuma luminosidade. Robert acendeu a lanterna e girou o feixe a toda a volta. Ao iluminar as escadas que conduziam ao primeiro andar, viu pegadas marcadas no pó, por ali acima. Susteve a respiração e sentiu o seu coração a bater tanto que quase o sufocava. Subiu pé ante pé, escadas acima, seguiu as pegadas marcadas no chão e entrou num quarto ao fundo do corredor. Era o quarto que tinha vista para o seu próprio quarto, do outro lado da rua. Olhou para o soalho flutuante de madeira, iluminando-o tábua a tábua com a lanterna.
Ali estava. Numa tábua junto a uma das paredes, uma cruz a giz azul sobressaía na madeira clara. X marks the spot.
6 comentários:
Epá! Acho que já não vibrava tanto, com uma histórias deste género, desde o tempo em que lia Agatha Christie e Enid Blyton! :) Está excelente!!! Cara amiga, tu és um portento :)
De acordo! Já estava angustiado com a longa paragem. Já tinha pensado num comentário pedindo à sô dona Angel que fizesse a fineza de continuar; eis senão quando venho ao blogue e... cá está a IV. Pronto, já disse. Agora é que vou ler. Aaaah, que excitação. Téjá...
Até o título está carregado de mistério. X marks the Spot. Muito bom, muito bom, ó portento! :)
E, enquanto a continuação não vem, vou lendo e relendo os anteriores: e, de cada vez, descubro novos cambiantes possíveis...
Portentos são vocês!
GD, devias mandar-me os cambiantes que encontraste que é para ver se eu me decido em relação ao final... podes ter visto cambiantes que nem eu própria vi...
Posso mandar um bitaite? Estamos todos em suspenso, aguardando os teus cambiantes. Assino por baixo, ó portento.
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