Estava Robert naqueles pensamentos quando viu uma luz deambulando pelo andar de cima da velha casa. A luz oscilava e movimentava-se. Robert encolheu-se por trás dos cortinados como se tivesse receio de ser subitamente iluminado também. Depois saiu dali e começou a andar às voltas pelo quarto, sem saber bem o que fazer. Cedo se revelou que dar voltas num quarto às escuras era uma actividade perigosa, principalmente num quarto como o dele, cheio de material espalhado por todos os lados. Robert deu inadvertidamente um pontapé numa pilha de revistas de filatelia que tinha ao lado da secretária, revistas essas que se espalharam pelo chão e foram por sua vez fazer tombar o tripé com a máquina fotográfica. Ahhh!! Robert soltou um grito em voz alta e tacteou à procura do candeeiro. Bolas! Acendeu a luz, subitamente esquecido do que se passava na casa da frente e começou por apanhar a máquina fotográfica, que felizmente ainda estava agarrada ao tripé. Ufa! Que alívio... só um pequeno arranhãozito...
O segundo estrondo da noite, ou melhor, o terceiro, depois da queda da máquina, fez-se ouvir lá em baixo na rua.
Robert apagou a luz outra vez e correu para a janela, repetindo o ritual dos cortinados. Desta vez viu um vulto, uma figura esguia, seguramente feminina, que se afastava pela rua abaixo. Chegada perto da zona da rua já iluminada, Robert viu a rapariga puxar um capuz para a cabeça e começar a correr, em passo de jogging.
4 comentários:
Lindo...é o que vem á cabeça
Se não lhe tivesse vindo à cabeça, como é que ela escrevia? Com as 9 pontas dos dedos? Este enimigo tem cada uma... Mas que é lindo, é lindo!
«enimigo» é um nome estranho. Mas não interessa. É lindo. E visual: eu consigo ver daqui os selos e o rosto, talvez até a roupa de Robert...
Robert DePina. I like it!
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