sábado, 22 de março de 2008

Capítulo 2: Os turistas Jalapeños

Nikki colocou a sua nave em rota de intercepção com a de Rabbit e pôs os sentidos em alerta, preparando-se já para nova perseguição, mas em vez disso recebeu no intercom um sinal de aviso. Era Rabbit que tentava estabelecer comunicação. Já nada a espantava. Era preciso ter lata. Rabbit apareceu no monitor, com aqueles olhos grandes a fixá-la e um ar inocente:
- Olá Nikki, como vais?
- Como vou?! Queres mesmo saber isso? Prepara-te para a abordagem, Rabbit. Vou buscar os meus Créditos agora.
- Eh... lamento, Nikki. Não os tenho. Na realidade preciso da tua ajuda.
- Da minha ajuda?? Ainda esperas ajuda, Rabbit? Não cessas de me espantar. Não conheces limites!
- Nikki, espera! Podes recuperar os teus Créditos! Só preciso de mais um jogo, só mais um jogo. O Bear encontrou-me e não está muito contente, posso dizê-lo. Ameaçou fazer da minha nave sucata, e de mim sumo de cenoura se não lhe pagasse o que lhe devia! Conheces o Bear, sabes que ele não tem a tua delicadeza, Nikki, ele não é propriamente um diplomata. Tenho até amanhã para lhe pagar...
- Rabbit... espero que estejas preparado para a minha delicadeza, pois estou neste momento a sentir-me inundada dela... Não faço da tua nave sucata, pois ela vale mais inteira. Vais pagar-me o que me deves e aprender a não ser batoteiro. Prepara-te, vou atracar.
- Espera, não desligues! Tu tens que me ajudar, ouve bem: eu não tenho Créditos suficientes para te pagar e tu sabes que preciso da minha nave. Como posso trabalhar sem ela?
Nikki abriu a boca para falar, mas estava sem palavras. Então Rabbit achava que andar de Galáxia em Galáxia em torneios de Mad-Poker era trabalho. Fechou a boca. Rabbit continuou:
- Tenho um pequeno jogo organizado, somos poucos. Resolvi compensar-te. Estás inscrita. Apanhei uns turistas Jalapeños, uns verdadeiros achados! A transbordar de Créditos para gastar. Podes recuperar facilmente o que perdeste, Nikki, e se não fores tu, sou eu. Ficas sempre a ganhar, repara. Se não ganhares, ganho eu, e nesse caso ganhas tu também.
Havia qualquer coisa naquela lógica que lhe estava a escapar.
- És um vigarista, Rabbit. E se ganhar eu, quem paga o que deves ao Bear?
- Huuummm... conto com a tua boa vontade. Repara: o que está em jogo é muito mais do que possas imaginar. Digamos que aqueles Jalapeños não sabem o que hão-de fazer ao dinheiro. Só querem passar um bom bocado, os coitados. Querem divertir-se por estas bandas, não sabem como. Na realidade, estamos a fazer-lhes um favor...
- Ha! Não contes comigo. Desenrasca-te.
- Mas Nikki... espera! Está tudo combinado! Já lhes disse que tínhamos jogadora. Elogiei a tua beleza e intrepidez. Não conhecem terráqueas. Estão ansiosos! Além de que o jogo é na tua nave e tudo.
- Hein?! Na MINHA nave?! O jogo é na MINHA nave?! Combinaste trazer uns Jalapeños fedorentos para aqui????
Nikki estava a sentir-se novamente com vontade de o perseguir, mas desta vez por cinquenta cinturas de asteróides seguidas.

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