quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Rumo a Iota Draconis B

Após mais uma extenuante missão, nada melhor de que o merecido descanso. Nikki recostou-se na cadeira de piloto e ficou por momentos a pensar no seu próximo rumo. Terra? Não. Não para já, pelo menos. Embora lhe apetecesse retornar a casa, precisava de uma pausa. É certo que se voltasse, teria ao seu alcance aquele acordar que tanto gostava, com o barulho das ondas a rolar suavemente na areia da praia. Sim, a sua cabana na praia estaria à sua espera... mas estariam também os amigos e família, todos de volta dela para querer saber as novidades da última missão. Da última vez nem tivera tempo de se recompôr. Após a sua chegada, a festa durara toda a noite e de manhã já só conseguira manter os olhos abertos à custa de muito esforço. Não... desta vez voltaria mais recomposta. O seu corpo e a sua mente precisavam mesmo de descanso, apenas umas horas mais.

Endireitou-se na cadeira, marcou o rumo pretendido no painel de comandos e ligou a hyperdrive. Em momentos estaria a anos-luz dali, a orbitar Iota Draconis B. Aquele grande planeta azul sempre a maravilhara. E afinal de contas, não era todos os dias que se podia avistar de tão perto uma gigante vermelha.

Eruption

Parece que o Eddie fez anos no dia 26, mas tenho a certeza que há guitarristas a fazerem anos no dia 31, portanto este post não vai de certeza atrasado.

domingo, 27 de janeiro de 2008

O Comboio das 3:10


Um dos melhores Westerns que eu já vi. Palavra que saí do cinema completamente satisfeita com o filme. Não vi a versão de 1957 e portanto não posso comparar o original com o remake, mas o Russel Crowe é óptimo a interpretar o fora da lei Ben Wade, assaltante de diligências e terror dos Pinkertons, rapidíssimo a sacar a sua arma, como convém. Conhecedor das Sagradas Escrituras, não poupa citações dos provérbios e - pormenor maravilha - tem uma arma que é apelidada de "The Hand Of God". Christian Bale é o rancheiro falido Dan Evans que, necessitado de uns cobres extra, embarca na aventura de ajudar a conduzir o capturado Wade ao comboio que o levará à prisão de Yuma. O caminho até ao comboio é recheado de peripécias, perseguições e jogo psicológico. A não perder.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Chromatics - Night Drive


Uma música daquelas mesmo nocturnas. É a primeira para ouvir no player já aqui ao lado, enquanto se pode. Press play.

Edgar Allen Poe: The Raven

(Para ouvir o Christopher Walken a recitar o poema, clicar aqui. Para ver e ouvir o Vincent Price, aqui.)

Once upon a midnight dreary, while I pondered, weak and weary,
Over many a quaint and curious volume of forgotten lore,
While I nodded, nearly napping, suddenly there came a tapping,
As of some one gently rapping, rapping at my chamber door.
"'Tis some visitor," I muttered, "tapping at my chamber door-
Only this, and nothing more."

Ah, distinctly I remember it was in the bleak December,
And each separate dying ember wrought its ghost upon the floor.
Eagerly I wished the morrow;- vainly I had sought to borrow
From my books surcease of sorrow- sorrow for the lost Lenore-
For the rare and radiant maiden whom the angels name Lenore-
Nameless here for evermore.

And the silken sad uncertain rustling of each purple curtain
Thrilled me- filled me with fantastic terrors never felt before;
So that now, to still the beating of my heart, I stood repeating,
"'Tis some visitor entreating entrance at my chamber door-
Some late visitor entreating entrance at my chamber door;-
This it is, and nothing more."

Presently my soul grew stronger; hesitating then no longer,
"Sir," said I, "or Madam, truly your forgiveness I implore;
But the fact is I was napping, and so gently you came rapping,
And so faintly you came tapping, tapping at my chamber door,
That I scarce was sure I heard you"- here I opened wide the door;-
Darkness there, and nothing more.

Deep into that darkness peering, long I stood there wondering, fearing,
Doubting, dreaming dreams no mortals ever dared to dream before;
But the silence was unbroken, and the stillness gave no token,
And the only word there spoken was the whispered word, "Lenore!"
This I whispered, and an echo murmured back the word, "Lenore!"-
Merely this, and nothing more.

Back into the chamber turning, all my soul within me burning,
Soon again I heard a tapping somewhat louder than before.
"Surely," said I, "surely that is something at my window lattice:
Let me see, then, what thereat is, and this mystery explore-
Let my heart be still a moment and this mystery explore;-
'Tis the wind and nothing more."

Open here I flung the shutter, when, with many a flirt and flutter,
In there stepped a stately raven of the saintly days of yore;
Not the least obeisance made he; not a minute stopped or stayed he;
But, with mien of lord or lady, perched above my chamber door-
Perched upon a bust of Pallas just above my chamber door-
Perched, and sat, and nothing more.

Then this ebony bird beguiling my sad fancy into smiling,
By the grave and stern decorum of the countenance it wore.
"Though thy crest be shorn and shaven, thou," I said, "art sure no craven,
Ghastly grim and ancient raven wandering from the Nightly shore-
Tell me what thy lordly name is on the Night's Plutonian shore!"
Quoth the Raven, "Nevermore."

Much I marvelled this ungainly fowl to hear discourse so plainly,
Though its answer little meaning- little relevancy bore;
For we cannot help agreeing that no living human being
Ever yet was blest with seeing bird above his chamber door-
Bird or beast upon the sculptured bust above his chamber door,
With such name as "Nevermore."

But the raven, sitting lonely on the placid bust, spoke only
That one word, as if his soul in that one word he did outpour.
Nothing further then he uttered- not a feather then he fluttered-
Till I scarcely more than muttered, "other friends have flown before-
On the morrow he will leave me, as my hopes have flown before."
Then the bird said, "Nevermore."

Startled at the stillness broken by reply so aptly spoken,
"Doubtless," said I, "what it utters is its only stock and store,
Caught from some unhappy master whom unmerciful Disaster
Followed fast and followed faster till his songs one burden bore-
Till the dirges of his Hope that melancholy burden bore
Of 'Never- nevermore'."

But the Raven still beguiling all my fancy into smiling,
Straight I wheeled a cushioned seat in front of bird, and bust and door;
Then upon the velvet sinking, I betook myself to linking
Fancy unto fancy, thinking what this ominous bird of yore-
What this grim, ungainly, ghastly, gaunt and ominous bird of yore
Meant in croaking "Nevermore."

This I sat engaged in guessing, but no syllable expressing
To the fowl whose fiery eyes now burned into my bosom's core;
This and more I sat divining, with my head at ease reclining
On the cushion's velvet lining that the lamplight gloated o'er,
But whose velvet violet lining with the lamplight gloating o'er,
She shall press, ah, nevermore!

Then methought the air grew denser, perfumed from an unseen censer
Swung by Seraphim whose footfalls tinkled on the tufted floor.
"Wretch," I cried, "thy God hath lent thee- by these angels he hath sent thee
Respite- respite and nepenthe, from thy memories of Lenore!
Quaff, oh quaff this kind nepenthe and forget this lost Lenore!"
Quoth the Raven, "Nevermore."

"Prophet!" said I, "thing of evil!- prophet still, if bird or devil!-
Whether Tempter sent, or whether tempest tossed thee here ashore,
Desolate yet all undaunted, on this desert land enchanted-
On this home by horror haunted- tell me truly, I implore-
Is there- is there balm in Gilead?- tell me- tell me, I implore!"
Quoth the Raven, "Nevermore."

"Prophet!" said I, "thing of evil- prophet still, if bird or devil!
By that Heaven that bends above us- by that God we both adore-
Tell this soul with sorrow laden if, within the distant Aidenn,
It shall clasp a sainted maiden whom the angels name Lenore-
Clasp a rare and radiant maiden whom the angels name Lenore."
Quoth the Raven, "Nevermore."

"Be that word our sign in parting, bird or fiend," I shrieked, upstarting-
"Get thee back into the tempest and the Night's Plutonian shore!
Leave no black plume as a token of that lie thy soul hath spoken!
Leave my loneliness unbroken!- quit the bust above my door!
Take thy beak from out my heart, and take thy form from off my door!"
Quoth the Raven, "Nevermore."

And the Raven, never flitting, still is sitting, still is sitting
On the pallid bust of Pallas just above my chamber door;
And his eyes have all the seeming of a demon's that is dreaming,
And the lamplight o'er him streaming throws his shadow on the floor;
And my soul from out that shadow that lies floating on the floor
Shall be lifted - nevermore!

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Stardust: um post com dedicatória


Caríssimo Gil, amigo de uma geração longínqua (hehehe):
Não sei se te escapou este filme que esteve em exibição no final do Verão passado e cujo argumento foi adaptado de um livro do Neil Gaiman. Não li o livro, mas reconheci no filme o fabuloso mundo do autor. A história está cheia de elementos fantásticos e de humor. Se quiseres espreitar o trailer, podes fazê-lo aqui. A Michelle Pfeiffer é óptima a fazer de bruxa, quer quando está toda boazona, quer quando está absolutamente engelhada. O Robert de Niro também vai óptimo como pirata gay. Junta a isto uma estrela que cai do céu mas que afinal é uma mulher e... não digo mais nada, senão conto a história toda.
Agora liga o som (se puderes, claro...) e enter the sky. Gostaste? :)
Pronto, pra vocês todos também, vá...

Angariação de comentários

O estimado visitante que se dignar a fazer um comentário a este singelo post e que for o primeiro a fazê-lo (excluem-se anónimos - peço desculpa, mas não sei quem são - e spammers - peço desculpa, mas... não, pronto) ganhará um post exclusivamente dedicado a si.
Vês Gil? É assim que se angariam comentários, bolas! (Será? A ver vamos...)

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Top Gun: Maverick vs. Jester

E a propósito de vôos: uma das melhores cenas de sempre com jactos! Sim, sim, podem dizer o mal que quiserem do Top Gun, mas não há acção aérea que eu conheça que consiga superar isto.
Jester's dead! Yeeee haaa!! :)

domingo, 20 de janeiro de 2008

À caça de pérolas: Pink Floyd - Learning To Fly

X Marks The Spot (5)

Robert agachou-se junto à tábua e observou atentamente. Via-se que a tábua tinha sido deslocada. Tirou o porta chaves do bolso e com a ajuda de uma chave conseguiu levantar uma ponta da tábua e depois deslocá-la para o lado. Apontou a lanterna para o buraco aberto no soalho e viu uma caixa azul a luzir naquele esconderijo.

Um misto de contentamento, culpa e preocupação invadiu Robert, enquanto retirava a caixa debaixo do soalho. E se aparecia alguém? E se ali se encontrasse algo comprometedor? A curiosidade era no entanto mais forte do que tudo o resto e portanto Robert resolveu sentar-se e, tentando manter a calma, abriu a caixa:
Um ramo de flores secas, uma vela meia ardida, dois bonecos de plasticina já ressequidos, uma caixa de CD onde se lia "Bob"... A sua expressão mudou gradualmente de intrigada, para inquieta e incrédula. As suas mãos começaram a tremer quando abriu a caixa do CD e leu a dedicatória no interior. A caligrafia era meticulosamente cuidada:

"Querida Nicole: Para que te recordes dos momentos que passámos.
Sempre teu,
Robert"


Deixou cair a caixa e pegou nos objectos um por um: as memórias percorreram-lhe o cérebro como imagens subitamente iluminadas por flashes. A caminho da casa de Nicole a apanhar flores silvestres à beira da estrada. O rosto de felicidade de Nicole a moldar os cómicos bonecos do seu futuro bolo de noiva, num molde que era tudo menos o tradicional. Aquela noite que tinham passado a conversar até ao amanhecer, iluminados à luz da vela...

A emoção foi demasiada, mais do que conseguia suportar. Tinha sido aliás esse o seu problema. Era felicidade a mais. Queria de volta a sua vida calma e pacata, queria tudo controlado, não queria que nada de imprevisível o surpreendesse! Como era possível que tudo isto tivesse voltado até si? Porque não tinha ficado quieto em casa?

Apressada e atabalhoadamente, colocou tudo na caixa, fechou-a e guardou-a novamente debaixo do soalho, colocando a tábua por cima. Desceu escadas abaixo e saiu dali já sem evidenciar qualquer preocupação de ser visto. Correu para casa e enfiou-se no quarto, com a cabeça a mil.

Epílogo

Nicole pensara que pudesse ter vontade de recuperar aquela caixa um dia. Talvez por isso se tivesse dado ao trabalho de marcar a tábua do soalho da velha casa. Descobrira entretanto um sentimento libertador, e já há muito tempo que não se sentia tão feliz.

Robert desvendara o mistério da velha casa, mas ainda lhe faltava desvendar um mistério ainda maior. O mistério no qual trabalhava agora poder-se-ia mesmo chamar o mistério da sua vida.

sábado, 19 de janeiro de 2008

X Marks The Spot (4)

Após os acontecimentos daquela noite, Robert passara o dia seguinte a colocar na sua cabeça vários cenários de explicação para o seu novo mistério. Robert adorava mistérios. Desde encontros secretos na casa abandonada, passando por histórias envolvendo drogas, assaltos e vários outros crimes, tudo lhe atravessara a mente. Tudo menos envolver-se no assunto, pois Robert gostava de observar tudo de longe, nunca se envolvendo nas coisas. Isso era para os outros.

Outro dia passou e o assunto não lhe saía da cabeça. Muitas vezes se chegava à janela quando estava em casa e ouvia qualquer barulho, mas nada. Nada de acção na casa abandonada.

Foi no terceiro dia que tudo aconteceu. Ao sair de casa ao fim da tarde para ir aos correios buscar uma encomenda, olhou fixamente para a porta da velha casa. Seria tão fácil... seria tão fácil entrar e explorá-la... à noite... quando ninguém o visse...
Seguiu o seu caminho para os correios sempre com a ideia, tlim, tlim, tlim, a retinir na sua cabeça.
Passou o dia e chegou a noite e Robert estava em pé a olhar pela janela para a porta da velha casa lá em baixo. Num impulso pegou na lanterna e saiu de casa.
Chegado à rua olhou em volta várias vezes, certificando-se de que não havia ninguém nas redondezas. Avançou silenciosamente, atravessando a rua e encostando-se imediatamente à parede da casa, como via fazerem nos filmes. Deslizou encostado à parede, de lanterna em punho, até chegar ao pé da porta. Aí ainda lhe passou pela cabeça abrir a porta ao pontapé, qual agente do FBI, mas conteve o pensamento e mudou-o para um registo mais discreto. Deu umas pancadas na porta, olhando receosamente em volta, até que esta cedeu e se abriu. Imediatamente se esgueirou lá para dentro, fechando a porta atrás de si.
A casa cheirava a pó e a mofo e estava bastante escuro lá dentro, pois as janelas estavam fechadas com tábuas, não deixando passar nenhuma luminosidade. Robert acendeu a lanterna e girou o feixe a toda a volta. Ao iluminar as escadas que conduziam ao primeiro andar, viu pegadas marcadas no pó, por ali acima. Susteve a respiração e sentiu o seu coração a bater tanto que quase o sufocava. Subiu pé ante pé, escadas acima, seguiu as pegadas marcadas no chão e entrou num quarto ao fundo do corredor. Era o quarto que tinha vista para o seu próprio quarto, do outro lado da rua. Olhou para o soalho flutuante de madeira, iluminando-o tábua a tábua com a lanterna.

Ali estava. Numa tábua junto a uma das paredes, uma cruz a giz azul sobressaía na madeira clara. X marks the spot.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Twin Peaks


Episódio 3: antes do funeral de Laura Palmer. Estas conversas entre o pai Garland e filho Bobby levam o conflito de gerações a um nível mesmo bizarro. Esta é a verdadeira família disfuncional! Tenho pena de não ter arranjado para mostrar um excerto do episódio 1, onde Garland fala com o filho em mais um grande discurso, no qual pretende manifestar o seu apoio e afirmar-se como pai presente. A meio do discurso, o filho, com ar enfastiado, puxa de um cigarro. O pai dá-lhe um tal bofetadão que o cigarro dá um salto, voa pelo ar e espeta-se na fatia de bolo que a mãe (sempre com ar submisso) está a comer - que pormenor fantástico. Isto dito assim parece quase uma cena de tarte na cara, mas filmado sob o olhar de Lynch, ganha outra dimensão.

DVD: caixas e mais caixas


Será que isto vai aparecer por cá? Nos Estados Unidos (região 1) foi editada em 2007 e na Europa (região 2) parece que só existe na Holanda... Snif!
Quanto a esta imagenzinha de baixo... edição exclusiva fnac. Esgotada. Double Snif!

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

"Hey, bloggers!"???

Ando completamente apanhada com uma série que só agora estou a conseguir ver em DVD, pois não tive oportunidade de a seguir na TV. A série chama-se Invasion tem muitos ingredientes óptimos, com aliens, híbridos e teorias da conspiração à mistura. Infelizmente, por razões que ainda não consegui entender, a série, que foi produzida pela abc e que começou a ser exibida nos Estados Unidos em Setembro de 2005, ficou-se pela primeira season, e deixou milhares de fãs pendurados pelo mundo inteiro.

Uma das personagens da série é o Dave Groves, o primeiro a desenvolver uma teoria da conspiração acerca dos estranhos acontecimentos que ocorrem na pequena cidade (ou será vila?) de Homestead.
Dave começa por relatar ao mundo a sua teoria através de um blogue na internet, dirigindo-se aos internautas com a expressão "Hey, bloggers". O Dave é um espectáculo.

Hey, bloggers!

Aviso à navegação web: os episódios da blogonovela "X Marks The Spot" voltarão brevemente.

sábado, 12 de janeiro de 2008

Moby - In This World (feat. Jennifer Price)

Este Moby é um daqueles fulanos que me enche sempre as medidas. Do álbum 18 (2002), aqui fica o vídeo de In This World. Pobres alienígenas...

X Marks The Spot (3)


Nicole sempre tinha tido uma grande dificuldade em separar-se das coisas. No seu quarto existia uma colecção sem fim de objectos, objectos esses que tinham sempre uma memória associada. Havia a sua primeira boneca, as velas mordidas que tinham ardido no bolo do seu décimo oitavo aniversário, os bilhetes daquela ida ao jardim zoológico, o bocado de tecido que se tinha rasgado do seu vestido quando fora ao parque com o seu primeiro namorado, uma miniatura do seu primeiro carro... e por aí fora. Nos últimos anos, aquela mania de guardar objectos-memória tinha tomado uma nova dimensão. Nicole guardava uma pilha de caixas no armário, cada uma com objectos ligados a uma determinada pessoa ou a uma determinada situação. Quando estava em dia de nostalgia, abria o armário e começava a explorar as caixas, trazendo à memória todas as situações pelas quais tinha passado e revivendo sentimentos.

Ora acontece que havia uma caixa que ultimamente a perturbava bastante: a caixa do Bob. Bob fora o seu último grande amor, que saíra da sua vida sem qualquer explicação lógica aparente. Não tinha saído para comprar cigarros e desaparecido, não, mas a situação podia assemelhar-se a essa. Bob tinha simplesmente decidido que era altura de mudar de vida, e de um dia para o outro pôs termo a tudo, cortou amarras e partiu. Aquela caixa tinha-se tornado então num conjunto de memórias extremamente dolorosas. Só de olhar para ela, conseguia ver o seu conteúdo, como se tivesse visão de raios-X, e todas as memórias ficavam a pairar na sua cabeça.

Naquele dia à noite, Nicole decidiu que tinha que se livrar da caixa. Bem pensado, bem feito, Nicole abriu o armário, pegou na caixa de cartão azul, vestiu o fato de treino e saiu porta fora.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

X Marks The Spot (2)

Estava Robert naqueles pensamentos quando viu uma luz deambulando pelo andar de cima da velha casa. A luz oscilava e movimentava-se. Robert encolheu-se por trás dos cortinados como se tivesse receio de ser subitamente iluminado também. Depois saiu dali e começou a andar às voltas pelo quarto, sem saber bem o que fazer. Cedo se revelou que dar voltas num quarto às escuras era uma actividade perigosa, principalmente num quarto como o dele, cheio de material espalhado por todos os lados. Robert deu inadvertidamente um pontapé numa pilha de revistas de filatelia que tinha ao lado da secretária, revistas essas que se espalharam pelo chão e foram por sua vez fazer tombar o tripé com a máquina fotográfica. Ahhh!! Robert soltou um grito em voz alta e tacteou à procura do candeeiro. Bolas! Acendeu a luz, subitamente esquecido do que se passava na casa da frente e começou por apanhar a máquina fotográfica, que felizmente ainda estava agarrada ao tripé. Ufa! Que alívio... só um pequeno arranhãozito...

O segundo estrondo da noite, ou melhor, o terceiro, depois da queda da máquina, fez-se ouvir lá em baixo na rua.

Robert apagou a luz outra vez e correu para a janela, repetindo o ritual dos cortinados. Desta vez viu um vulto, uma figura esguia, seguramente feminina, que se afastava pela rua abaixo. Chegada perto da zona da rua já iluminada, Robert viu a rapariga puxar um capuz para a cabeça e começar a correr, em passo de jogging.

X Marks The Spot (1)


Era já madrugada quando finalmente Robert DePina conseguiu adormecer. O dia anterior tinha sido muito cansativo e a noite, essa, tinha sido longa. Finalmente conseguira por termo ao mistério, mas os acontecimentos recentes haviam surtido nele um efeito de excitação que se podia equiparar à toma de vários cafés seguidos. E logo nele, que tinha aversão à cafeína e a tudo o que significava sair da sua segura e pacata rotina.

Tudo havia começado dias atrás, quando Robert estava pachorrentamente de volta da sua colecção de selos, a observar com a lupa os detalhes de um selo que tinha a imagem de um beija-flor. Foi nesta altura que um estrondo na rua o acordou da espécie de transe em que sempre ficava quando organizava a sua colecção.
Caramba, quem faria aquela barulheira na rua, àquelas horas da noite?! Robert levantou-se, apagou o candeeiro e aproximou-se da janela, afastando discretamente as cortinas para que pudesse espreitar sem ser visto.

Na escuridão da noite e com dois candeeiros de rua recentemente avariados, pouco se conseguia distinguir naquela zona, mas como a lua estava quase cheia, Robert conseguiu perceber a porta entreaberta da velha casa abandonada que ficava mesmo em frente da sua. O estrondo vinha concerteza dali. Afinal aquela porta estava trancada há muito e tinha um aspecto bastante sólido. Arrombá-la não devia ser fácil. Um frémito nervoso percorreu o corpo de Robert. Que se passaria? Quem seria que entrava naquela casa, abandonada há tanto, ainda por cima àquela hora?

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Mais um post sobre filmes: um top pessoal

É muito difícil para mim organizar um top de filmes favoritos e tenho a sensação que depois de o elaborar e de o postar, me vou lembrar de algum filme que de certeza lá deveria figurar. De qualquer forma, há filmes que nos marcam por razões várias e que portanto ficam a fazer parte da nossa lista de favoritos. O que a seguir apresento é mesmo isso: um top pessoal de favoritos, que atende a critérios obviamente subjectivos. Reduzir a lista a 10 é mesmo uma coisa atroz, e ordená-la então, está fora de questão, portanto, vou optar pela ordem crescente do ano correspondente ao filme e, dentro do mesmo ano, pela ordem da data de estreia do mesmo.


2001: A Space Odyssey (1968), de Stanley Kubrick

The Godfather (1972), de Francis Ford Coppola

Blade Runner (1982), de Ridley Scott

Blue Velvet (1986), de David Lynch

Sex, Lies and Videotape (1989), de Steven Soderbergh

Pulp Fiction (1994), de Quentin Tarantino

Trainspotting (1996), de Danny Boyle

The Matrix (1999), de Andy e Larry Wachowski

Eyes Wide Shut (1999), de Stanley Kubrick

Fight Club (1999), de David Fincher

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Neo & Morpheus



Uma das cenas mais famosas do Matrix. Adoro este filme por razões várias, mas acho que nesta cena, a moral da história é mesmo: "Don't think you are, know you are." Grande Morpheus, é um mestre. E o Neo é um grande aprendiz. He's The One...

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Dias complicados


Teve um dia cheio?
Complicado?
Trabalhou cerca de 12 horas?
Tem fome?
Vai uma saladinha de tomate?
E que tal com um bocado de dedo?

domingo, 6 de janeiro de 2008

Sobre os vampiros no cinema

Não sendo especialista em filmes e muito menos em filmes de vampiros, devo no entanto admitir que estas criaturas exercem sobre mim um grande fascínio quando surgem na grande tela. Dou comigo a pensar na causa deste fascínio pelas vampirescas criaturas. A questão da imortalidade parece passar-me completamente ao lado. Na realidade, o que mais me atrai ali são todas aquelas capacidades físicas extraordinárias. Os fulanos(as), para além de voarem, são rapidíssimos, ágeis, têm uma força brutal e esteticamente têm o seu quê de beleza naquela brancura alva e feições imaculadas. Claro que, nisto da beleza das feições, já não são tão bonitinhos quando estão na sua faceta criatura-monstruosa-tipo-morcegão-com-asas-e-cara-enrugada, mas no entanto, até assim têm algum encanto. Além do mais, os tipos assumem poses muito sensuais no seu ritual alimentício.

De todos os filmes de vampiros que vi até hoje, o meu favorito é sem dúvida o Drácula de Bram Stoker, de Francis Ford Coppola. Lembro-me de várias pessoas terem abandonado a sala durante a projecção quando fui ver o filme ao cinema, possivelmente impressionadas com tanto sangue jorrante. Aquilo realmente é um grande banho de sangue, mas é um banho de sangue com uma estética sublime e uma música lindíssima. E acho que, na sua essência, o filme é uma bela história de amor.


E pronto, sobre outros filmes de vampiros terei que falar mais tarde, porque o tempo está a esgotar-se. Até mais logo. Vou ali beber um Bloody Mary, que agora fiquei com sede.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Blonde Redhead: Silently

A minha última tara musical... Audição garantida (pelo menos por hoje) no meu player aqui mais à direita na página. Press play.

Silently

Silently, I wish to sail into your port, I am your sailor
Quietly, I drop my weight into your sea, I drop my anchor
I sway in your waves, I sing in your sleep
I stay till I'm in your life

I realize now you're not to be blamed my love
You didn't choose your name my love
You never crossed the seven seas
I realize now you're not to be blamed my love
You didn't choose your name my love
You never crossed the seven seas

Oh, sweet creature
I know exactly how you feel
Your clock is ticking, tick tack tick tack
Your heart is beating tum tum tum tum tum

Silently, I wish to sail into your port, I am your sailor
Quietly, I drop my weight into your sea, I drop my anchor

I realize now you're not to be blamed at all
You didn't choose your name my love
You die a little in my arm
I realize now you're not to be blamed at all
You didn't choose your name my love
We never crossed the seven seas
I realize now you die a little in my arm
Before you even taste my love
We never crossed the seven seas
I realize now you're not to be blamed at all
You didn't choose your name my love
You die a little in my arm
I realize now

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

A Bússola Dourada


Mais:

A poeira dourada (mistério...)
Os daemons e as mudanças de forma do daemon da Lyra (a propósito, façam o teste e descubram o vosso daemon... vejam o link do site mais abaixo)
O aletiómetro (giro, eu também queria um!)
A voz do urso Iorek Byrnison (Ian McKellen)
A música que acompanha os créditos finais do filme (Kate Bush regressa!)
As aterragens da feiticeira Serafina Pekkala (uau, que estilo!)

Menos:

A Lyra a montar o urso (eu sei que aquilo dá uma trabalheira a fazer, mas a movimentação não está suficientemente aperfeiçoada ainda...)
O facto do Lord Asriel aparecer tão pouco (hehehe)
As descolagens da feiticeira Serafina Pekkala (têm o seu quê de superman, desculpem lá...)

E pronto, vão ver o filme se ainda não viram, porque acho que vale mesmo a pena. Mas preparem-se, porque tem sequela.

E explorem o site oficial, que também é muito engraçado.