terça-feira, 10 de março de 2009

Watchmen: Angel contra-ataca



Como fã da BD de Alan Moore e Dave Gibbons, não consigo estar de acordo com o amigo Gil Duarte após o visionamento do filme de Zack Snyder. Sim meu caro, não foste só tu que leste a BD, eu também a li! Não consigo ter a mesma perspectiva que tu em relação ao filme, e talvez justamente porque o vi tendo como base o contexto do livro.

Considero que Zack Snyder se revelou um tanto-quanto-possível-fiel adaptador da BD ao grande ecrã. Claro que não era possível condensar tudo o que se vê no livro (que falta me fez aquele quiosque e o respectivo dono, acompanhado do leitor que devorava fielmente as Tales Of The Black Freighter - eu sei que houve uma piscadela de olhos aos fãs, sim, eu vi-os, mas queria mais!), mas a linha essencial da história está mesmo lá. E de que maneira!



Gostei da forma como certos quadrinhos da BD saltaram literalmente para o ecrã: a começar pela aparatosa queda do Comedian, passando pelas cenas no laboratório do Manhattan, pelas cenas passadas no Vietname, pelo Archie, pela construção do gigantesco mecanismo em Marte, pelo sonho do sexualmente frustrado Nite Owl, pelas cenas do Rorschach na prisão, enfim... a sensação que eu tive foi mesmo a dos quadrinhos a ganharem movimento.

E quanto à violência, é claro que dei por ela. Mas caramba, ela não está gritantemente presente no livro? Se lermos no livro a história que o Rorschach conta ao Dr. Malcom, está lá quase tudo. Oh, sim... ele não usa um machado, acho que usa uma serra... e depois pega fogo ao pedófilo com querosene. Muito menos violento, de facto. Ou estarás a pensar nos golpes de artes marciais feitos pela parelha Nite Owl/Silk Spectre? Mas que querias tu? Um par de estalos? Não me convences. E por agora vou deixar passar ao lado essa referência à espécie de Kill Bill... (vénia ao Sr. Tarantino).

Achaste que o Manhattan tinha olheiras? Bom, vê lá melhor os desenhos do livro. Os pés de galinha e a papada, confesso que me passaram ao lado, mas se calhar foi por causa das cenas em que o Dr. Manhattan prescindiu da cuequinha preta e optou pelo nú integral, que convenhamos, mesmo em azul e digitalmente tratado, não me foi de todo indiferente.

E quanto ao fato de latex da senhora? Bom, é de facto um update em relação ao vestidinho amarelo, mas pronto, nesse departamento deixo a tua opinião masculina prevalecer ;)



Quanto à cereja no topo do bolo, para mim foi mesmo a música. Muito bem escolhida e encaixada. Aliás, algumas das músicas vêm, segundo me lembro, referidas explicitamente no livro.

Bom, venha talvez mais um visionamento no cinema e venha o DVD quando sair, esperançosamente com versão extended. Tenho o dito.

4 comentários:

Gil Duarte disse...

Eu sei que na Bd o Dr. Manhattan tem um círculo negro em torno dos olhos. Mas, precisamente: na Bd parece bem, o efeito é sombrio - no cinema, parecem olheiras. Quanto ao nu, bem... compreendo-te, compreendo-te!
A violência, uma vez mais, em Bd não choca: a folha de papel cria uma distância que, no cinema, desaparece. No filme, não há violência, há insanidade. Entre um par de estalos e arrancar-se um braço e duas pernas vai uma diferença abissal. Talvez houvesse um meio termo. Por fim, em relação à música, estou completamente de acordo: recria brilhantemente a atmosfera musical daquela época.

lara_1012 disse...

Estava a ser propositadamente irónica em relação à violência, como compreendeste. No entanto, acho que a insanidade que referes retratou bem o ambiente do livro. Não me parece que preferisse um meio termo.

A propósito, viste o Sin City? Lembrei-me, só isso...

Unknown disse...

Pares de estaladas, braços partidos, pernas arrancadas. Vocês despertaram a minha fome. Vai uma coxita de frango assado?

lara_1012 disse...

Agora até ia um franguinho, que ainda não jantei :)
E tu afinal, já leste o livro ou não? Devias lê-lo antes de veres o filme, para te contextualizares, ou então talvez não... e depois das duas uma: ou apanho eu ou apanha o Gil.