Vem este post a propósito de uma passagem pelo blogue profissão: leitor. Admiro quem, por estes dias, continua a devorar livros avidamente e a pensar sobre eles. Por uma questão de feitio, de interesses e de opções de vida, penso que jamais seria capaz de fazer o mesmo. Não é à toa que este blogue se chama letras... mas com música. Se alguma vez tivesse um blogue chamado profissão: qualquer-coisa, seria sem dúvida o profissão: ouvinte.
Considero-me uma ouvinte ecléctica, como já disse num qualquer post passado que agora não me apetece procurar, mas sem dúvida que a minha música de eleição é a alternativa. Apesar de não gostar de rótulos, tenho que admitir que quem classifica as bandas musicais por género (embora tantas vezes em discordância uns com os outros, ou caindo no exagero de criar novos subgéneros a cada novo "som") acaba muitas vezes por acertar na mouche no sentido em que se-você-gosta-disto, então você-também-é-capaz-de-gostar-daquilo.
A música alternativa (ou rock alternativo) emergiu nos anos 80, teve as suas raízes no punk e caracterizou-se por estar associada a editoras independentes. Esta música fazia o seu circuito a partir da divulgação por rádios de pequena dimensão e passagem de testemunho boca-a-boca. Rejeitava o comercialismo e o mainstream e era um grito de rebeldia que dava voz ao rock puro e duro, cortando completamente com a onda do flower-power. As bandas actuavam frequentemente em bares underground. Era uma música de elite e de culto.
Sempre foi para mim um prazer descobrir nova música através do boca-a-boca. Em círculos restritos de amigos, ouvia falar sobre música, discutia música e descobria novas sonoridades e novas ideias.
É claro que foi impossível que algumas destas bandas alternativas não fossem notadas pelas grandes editoras e não viessem a ganhar enorme popularidade. Agora o truque era ser popular mas sem ceder ao comercial, ao mainstream; manter a identidade nem sempre é fácil, mas muitos conseguiram-no e continuaram a deslumbrar.
Hoje em dia, as bandas classificadas como alternativas não estão necessariamente longe do sucesso financeiro e algumas até são extremamente populares, mas têm a característica comum de serem inovadoras e não seguirem a via mais fácil. A atitude e a rebeldia continuam a estar presentes, sendo manifestadas de uma forma ou de outra.
De há alguns anos para cá que me afastei, por circunstâncias da vida, das pessoas com quem compartilhava os mesmos gostos musicais. Tornei-me numa descobridora solitária de novas sonoridades e o boca-a-boca passou a funcionar de modo virtual, nas malhas da world wide web. Conheço poucas pessoas que façam o mesmo, embora tenha a certeza que há muitas. Outro tesouro que desenterrei no facebook, por via dos jogos sociais, foram pessoas que não conhecia de todo e que descobri terem feito "percursos musicais" semelhantes ao meu. Abençoada rede.
2 comentários:
É por isso que encontras músicas de cuja letra não se entende patavina...
Mas lá que soam bem, soam. E depois, podes sempre inventar um ou vários significados, o que é giro :)
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