quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Contra-contra-fantasia de qualquer coisa

Caro estranho-que-transportava-um caixote-de-limas-para-a-festa-de-fim-de-ano:

Há coincidências do caneco! Ao que parece, a mercearia aí do bairro tem dois transportadores de limas bem arrojados. Um de olhos castanhos, outro de olhos azuis. Um que fica preso nos elevadores no Natal, outro que fica preso nos elevadores no fim de ano. Um que tem o relógio parado e outro que não faço a ideia se usa relógio!

Queria transmitir-lhe uma ou duas ideias. Não desespere, a internet tem um alcance global. Talvez um dia encontre a rapariga que lhe virou as costas, deixando-o nesse estado tão lamentável. Penso que não fui eu. Acha possível que eu tenha confundido as datas? Talvez algum remédio caseiro me tenha toldado os sentidos, talvez algum bug de 2009 tenha feito o tempo andar para trás uma semana, ou para a frente, quiçá! Neste momento já não sei bem. Estou cheia de dúvidas.

Fiquei muito bem impressionada com os seus desabafos. Para quem acabou o 12º ano, nas condições actuais do nosso ensino, acho extraordinário que consiga exprimir tão bem o que lhe vai na alma. A confusão entre claustrofobia, clarinetes e sinfonias é de menor monta. Afinal de contas, talvez o beijo de vários minutos, com o consequente fogo de artifício, lhe tenha perturbado ligeiramente a expressão oral, o que veio, sem dúvida, a reflectir-se na expressão escrita.

A sua persistência é admirável. Nem todos os homens revelam essa faceta, acredite! Se me lembrar do hotel em que foi a festa de Natal-quiçá-de-fim-de-ano, prometo ir fazer umas viagens de elevador nos próximos dias, para ver se tiramos a teima.

Um último conselho: cuidado com propostas de casamento precipitadas. Há químicas que são só físicas. Confie em mim, de Química percebo eu.

2 comentários:

Anónimo disse...

Ah, bom, se para além dos olhos azuis (que já expliquei que podem ser castanhos) e da não-clarifonice de uma das raparigas e da clarifonice da outra (que também já tentei explicar), ainda há que acrescentar diferença das datas, já são incongruências a mais. Assim, desisto. Já agora: não se admire de eu me exprimir tão bem. (Por exemplo, quando uso a palavra «incongruências»); é que eu dito os meus sentimentos ao senhor Dinis da mercearia e ele às vezes bota muito de seu. O senhor Dinis até costuma dizer: «Sou o teu Cyrano, rapaz!». E eu respondo-lhe: «Pois o meu é o Quaresma, senhor Dins!» Bom, vou ter de continuar procurando. Adeus!

Anónimo disse...

Nos dias de hoje, dois transportadores de uma mesma mercearia? Mesmo junto a um grande hotel com festas de Natal e Passagem de Ano, parece-me demais!