terça-feira, 1 de abril de 2008

Os mistérios do estrabismo

De certeza que já vos aconteceu terem que falar com uma pessoa estrábica. Ora digam lá: apesar de vocês saberem que ela está a falar convosco, nunca sabem muito bem para onde olhar. Confessem lá: é verdade, não é? E não vale mentir, apesar de hoje ser o dia das petas.

Aqui há uns anos tive um colega estrábico, e aquilo era para mim uma agonia: o tipo falava e eu tentava sempre, embora em vão, descobrir qual era o olho de referência. Até me lembro de ter lido um qualquer artigo sobre o estrabismo, que dava dicas sobre como descobrir "qual o olho que fixava o sujeito", mas nada! Não consegui pôr a teoria em prática, talvez por falta de predicados. O que ainda nos vale é a descontracção destas pessoas, tal devem já estar habituadas a que os outros façam figura de parvos. Cá para mim, devem gozar um belo pratinho.

Ora hoje sucedeu-me mais um episódio de parvoíce deste género. Num supermercado, estava na fila da caixa. À minha frente um cliente daqueles que põe toda a fila de restantes a soprar de desespero. Faz todo o tipo de exigências, esquece-se de uns quantos produtos, volta atrás para os buscar, depois quer entrega ao domicílio e finalmente, após a conta feita, lembra-se que tem uns talões para descontar. A funcionária, coitada, olha para mim (isso percebo eu agora) e avisa: "ainda vai demorar mais um bocadinho, não sei quanto tempo..." e eu, conhecida egocêntrica, sou enganada pelo temível olhar. Não percebo que é comigo. Olho para trás, procurando o interlocutor da senhora. Viro a cabeça mais do que uma vez. Após cerca de trinta segundos (eu sei, eu sei, fui muito lenta), percebi que afinal a conversa era comigo. Flagelo-me interiormente pela má educação, mas realmente ainda não desvendei os mistérios do estrabismo.

3 comentários:

Enemy disse...

Ah..ah...ah...Ah..muito bom este post.
E parabéns também pelas alterações.
Falta só tirar o Verde.

MP disse...

Isso! Fundo em azul ficava optimo! eheheheh... just joking :)

Gil Duarte disse...

É um problema, de facto. Em geral, vou olhando de um para outro olho, o que também não deve ser boa ideia, mas, pelo menos, sei que durante metade do tempo estou a acertar no «olho de referência»...