domingo, 8 de abril de 2007
Diálogo
O dia estava quase a terminar quando Jules bateu à porta. Do outro lado só o silêncio respondeu. Tentou novamente. Ouviu então um barulho suave de passos. Pés descalços na madeira, é certo. Uma pausa. A luz acendeu-se lá fora e os ferrolhos rolaram na porta. André abriu e deitou-lhe um olhar incrédulo: "Que fazes aqui, Jules?" Não respondeu. Olhou lá para dentro, como que a convidar-se a si própria para entrar. André abriu mais a porta e afastou-se, enquanto Jules passava por ele sem nada dizer. Ouviu a porta fechar-se atrás dela. Caminhou até à sala e sentou-se. Levantou os olhos e ficou a olhar em volta. André entrou na sala, impávido. Sentou-se também. Durante meia hora assim ficaram. Incapazes. O diálogo nunca tinha sido o seu forte. Demasiadas coisas escondidas, sentimentos reprimidos, medos sabe-se lá de quê. Jules quebrou finalmente o silêncio: "Dás-me água?" André levantou-se, desapareceu por momentos e voltou com um copo cheio. Estendeu-lhe o copo, sentou-se ao seu lado e assim ficaram.
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